OS DOIS MODOS DE PENSAMENTO

Durante muitas décadas os psicólogos tem se mostrado profundamente interessados nos modos de pensamento humano. Segundo os psicólogos Keith Stanovich e Richard West existem dois modos de pensamento possíveis, chamados de Modo 1 (ou Sistema 1) e Modo 2 (ou Sistema 2).

O Modo 1 atua de forma automática e rápida, com pouquíssimo esforço e nenhum controle voluntário. É o modo operante quando observamos, por exemplo, uma determinada imagem de uma pessoa com características marcantes (alegria, tristeza, raiva, beleza, etc). Vemos a imagem e temos clareza sobre o que ela comunica.

O Modo 2 atua colocando atenção nas atividades mentais laboriosas. É muitas vezes associado com a experiência subjetiva de escolha e concentração. É o modo operante quando nos deparamos com uma equação matemática complexa. Olhamos para aquelas letras e números e não temos a pronta resposta para ela, apesar de termos, provavelmente em alguns casos, uma boa noção dos resultados possíveis.

Quando pensamos em nós mesmos, nos identificamos com o Modo 2, o Eu consciente, raciocinador, que tem crenças, faz escolhas e decide o que pensar e o que fazer a respeito de algo. Embora achemos ser o Modo 2 o centro das coisas, é o Modo 1 que pode determinar muito do nosso sucesso, ou fracasso, no dia a dia.

O automatismo do Modo 1 gera padrões de ideias surpreendentemente complexos, mas apenas o Modo 2, mais lento, pode construir uma série de passos ordenados e dominar os impulsos gerados pelo Modo 1.

As situações que ocorrem através do Modo 2, tais como dizer a alguém o número do seu telefone, ou manter uma velocidade de caminhada um pouco acima do que você normalmente faz, exigem atenção para terem êxito. Você não se sairá bem se não estiver preparado naquele momento, com presença e atenção plena ao fato. Por isso o uso do celular enquanto conversamos com alguém gera tanta dispersão e confusão. Quantas vezes você já não se pegou em dúvida sobre o que havia sido combinado com alguém enquanto você utilizava o celular para navegar nas redes sociais, por exemplo?

A divisão de trabalho entre o Modo 1 e o Modo 2 é altamente eficaz, minimizando o esforço e o gasto energético. Basicamente, a maior parte do que você pensa e faz (Modo 2) origina-se no Modo 1, mas é o Modo 2 que assume o controle quando as coisas ficam difíceis.

Existe conflito entre os dois modos de pensamento?

O conflito entre uma reação automática e uma intenção de controlá-la é bastante comum em nossa vidas. Todos nós, de uma maneira ou outra, já passamos por situações em que tivemos que frear nosso impulso em prol de uma convivência mais harmoniosa (não mandar alguém para o inferno, por exemplo), ou mesmo forçar nossa atenção em algo que não nos parecia agradável, mas que era importante ou necessário (estudar uma matéria que não nos era muito simpática, por exemplo). Um das tarefas do Modo 2 é dominar os impulsos do Modo 1, funcionando como um freio ou filtro, estabelecendo o autocontrole.

Além destes conflitos inevitáveis, podemos ainda ser acometidos por ilusões especiais do pensamento, também chamadas de ilusões cognitivas. Uma ilusão cognitiva refere-se ao tipo de ilusão que distorce o nosso conhecimento e as nossas suposições em relação a algo.

Para reduzir o risco de sermos envolvidos pelas ilusões cognitivas, e tomarmos decisões ruins, o melhor que podemos fazer é aprendermos a reconhecer situações em que os enganos são prováveis e nos esforçarmos mais para evitar enganos significativos quando há muito em jogo. Afinal, questionar 100% do tempo os nossos pensamentos é impraticável e insuportável, e o Modo 2 de pensamento é vagaroso demais para substituir o Modo 1 na tomada de decisões rotineiras.

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